Neste fim de semana encontrei uma amiga de praia, daquelas da melhor fase da adolescência. Passaram-se 20 anos, mas esse reencontro me fez voltar a um tempo diferente: em que nós sonhávamos muito, tínhamos nossos namoricos de verão, babávamos pelos surfistas bonitões e veraneávamos em outra praia. O local era o mesmo, o nome já era Imbé, porém, de lá pra cá, tudo mudou. O Imbé da galera do surfe, da Barraca do Beto, das bicicletas, das motos garelli, da SAPI, do Titanic – um bar de madeira, no meio do nada, com piso de areia, onde o som do Bob Marley e do Australian Crawl embalava as noites.

Já com a nossa praia amada, o tempo não foi nada generoso. O passar dos anos fez Imbé transbordar, já não cabem nela todas as pessoas que por aqui circulam. A praia está suja, barulhenta e sem identidade. O Titanic foi o primeiro a afundar. Em seguida, foram desaparecendo o silêncio das noites, a segurança, o espaço na beira da praia, os amigos e conhecidos de verão. Em frente ao antigo terreno de nosso “bar-navio”, há uma balada confirmada, em que se revezam noites de vanerão e maxixe!!!
Os surfistas agora são poucos e os momentos de paz e tranquilidade, raros. Às vezes, paro ali no calçadão, olhando o mar, e me transporto para os anos 80 e 90, imaginando que os meus surfistas mais venerados, o Leo e o Telmo, vão passar a qualquer momento e vamos combinar de nos ver lá no Titanic. O som de um funk, em um carro transformado em alto-falante sobre rodas, me desperta e me faz ter certeza de que o meu Imbé acabou. Restam as casas, incluindo a dos meus pais, o mar e o nordestão de sempre, contudo, a atmosfera... essa nunca mais será a mesma. E eu e minhas amigas, agora acostumadas com as mudanças da vida, não conseguimos nos conformar com uma perda dessa proporção – pequena pra quem está chegando agora, mas irreparável para quem cresceu e se criou correndo nas areias e nas dunas de Imbé.