quarta-feira, 4 de maio de 2011

O que ainda resta cercar?

O cercamento dos parques volta mais uma vez a ser assunto em Porto Alegre. Uma discussão que expõe as fragilidades características dos grandes centros urbanos e suscita as mais diversas opiniões, mas que, inevitavelmente, faz pensar sobre o que realmente precisa ser valorizado na sociedade moderna.
Parque da Redenção. Talvez não exista nome mais apropriado para um parque em um grande centro urbano. Ou que outro nome, por si só, traria à mente resgate, libertação?   E, esta é a principal função de um parque em meio à selva de pedra. Trazer de volta um pouco de vida, de cor aos dias de seus cidadãos e cidadãs. Aquele conjunto de verde misturado à paisagem de grandes avenidas, com seus, carros, ônibus, poluição, prédios cinzentos é capaz de resgatar a vitalidade e o entusiasmo. Como imaginar todo este alento cercado, como que afastando da população de Porto Alegre o pouco que ainda resta de vida? 
Seja na Redenção, no Parcão ou no Marinha, parque público é sinônimo de espaço democrático, compartilhado por todas as pessoas, independente de sua classe social, raça, idade. Afinal, público é, originalmente, um local comum a todos, um lugar do povo.
Cercar um parque é provocar um isolamento, uma separação, apartá-lo justamente de quem mais necessita desse espaço: os cidadãos e cidadãs que ali se refugiam nas suas horas vagas, que saem de suas residências totalmente cercadas para encontrar liberdade, respirar mais fundo e manter vivo o seu direito de ir e vir.
Em meio a tantas grades, a tanto isolamento a que as pessoas estão submetidas nas grandes cidades, será que se faz necessária mais uma forma de exclusão, justamente nos locais que fornecem um pouco de fôlego, de ânimo e que permitem libertação das amarras impostas pelo mundo de hoje?

Um comentário:

  1. Cercar e cobrar ingresso, quem sabe assim, após 8 anos eu volte a frequentar a redenção...

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