segunda-feira, 16 de maio de 2011

Salto alto

Salto alto. Peça obrigatória no guarda-roupa feminino. O salto levanta o astral, melhora a postura, valoriza as pernas e arrebita o bumbum.  Até o olhar da mulher muda do alto de um salto. Porém, existem alguns lugares que não combinam com salto alto, não tem jeito. Apesar de muitas tentativas inovadoras da moda, na praia, na piscina e nos esportes o salto não cai bem. Em campo de futebol, então,  o salto alto costuma causar tropeços. Não só para a mulherada que vai ao estádio, mas principalmente para os times que entram em campo usando um salto invisível nas chuteiras de seus jogadores.
                Jogar uma final ou um jogo mata-mata calçando um saltinho que seja pode ser um desastre. O Inter usou salto após o primeiro gol do jogo contra o Peñarol no Beira-Rio e deu no que deu. Quando o salto começou a entortar, não tinha mais como voltar ao prumo. Sim, salto alto exige mais que equilíbrio, é preciso ter categoria para usá-lo.
Categoria, isso foi o que faltou ao Grêmio. Passou a semana subindo no salto, no domingo já calçava um salto 15 quando entrou em campo. E pior, além dos jogadores, a torcida toda subiu no salto, sem falar no treinador que tem na soberba uma das principais características de sua personalidade. Vestir o salto pra ele, foi apenas um pequeno detalhe a mais na sua arrogância.

Do lado do Inter, depois de terem quebrado o salto na Libertadores e de sofrerem duras críticas, Falcão e os jogadores foram em busca da superação. Entraram no Olímpico como guerreiros e, por mais que do outro lado do campo estivessem jogadores aguerridos empurrados por sua torcida, os colorados continuaram lutando até o fim, até que todos tricolores descessem do salto num tombo que não se via há muitos anos por lá.
Falcão um dos homens mais elegantes e humildes do futebol brasileiro, foi o grande responsável por tudo isso. Foi ele quem disse aos jogadores que era possível ganhar com vantagem no Olímpico e, por que não, ser campeão na casa do adversário. Falcão entende de salto alto. Morou na Itália, terra de moda e beleza feminina, mas o que vale mesmo é o seu pé no chão. Coisa que Renato Gaúcho nunca teve. E se usa luva com temperatura de 18º C, o pé frio está coberto com meia de lã, num sapato de salto 20.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Dani Sobral: O que ainda resta cercar?

Dani Sobral: O que ainda resta cercar?: "O cercamento dos parques volta mais uma vez a ser assunto em Porto Alegre. Uma discussão que expõe as fragilidades características dos grand..."

O que ainda resta cercar?

O cercamento dos parques volta mais uma vez a ser assunto em Porto Alegre. Uma discussão que expõe as fragilidades características dos grandes centros urbanos e suscita as mais diversas opiniões, mas que, inevitavelmente, faz pensar sobre o que realmente precisa ser valorizado na sociedade moderna.
Parque da Redenção. Talvez não exista nome mais apropriado para um parque em um grande centro urbano. Ou que outro nome, por si só, traria à mente resgate, libertação?   E, esta é a principal função de um parque em meio à selva de pedra. Trazer de volta um pouco de vida, de cor aos dias de seus cidadãos e cidadãs. Aquele conjunto de verde misturado à paisagem de grandes avenidas, com seus, carros, ônibus, poluição, prédios cinzentos é capaz de resgatar a vitalidade e o entusiasmo. Como imaginar todo este alento cercado, como que afastando da população de Porto Alegre o pouco que ainda resta de vida? 
Seja na Redenção, no Parcão ou no Marinha, parque público é sinônimo de espaço democrático, compartilhado por todas as pessoas, independente de sua classe social, raça, idade. Afinal, público é, originalmente, um local comum a todos, um lugar do povo.
Cercar um parque é provocar um isolamento, uma separação, apartá-lo justamente de quem mais necessita desse espaço: os cidadãos e cidadãs que ali se refugiam nas suas horas vagas, que saem de suas residências totalmente cercadas para encontrar liberdade, respirar mais fundo e manter vivo o seu direito de ir e vir.
Em meio a tantas grades, a tanto isolamento a que as pessoas estão submetidas nas grandes cidades, será que se faz necessária mais uma forma de exclusão, justamente nos locais que fornecem um pouco de fôlego, de ânimo e que permitem libertação das amarras impostas pelo mundo de hoje?