domingo, 27 de novembro de 2011

Luzes mágicas na Ipiranga com a Silva Só

Um homem loiro ilumina a esquina da Ipiranga com a Silva Só. Com seus longos cabelos ondulados, uma tez bem branquinha, mistura de anjo com roqueiro, ele lança seus malabares em chamas e leva magia a uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre. Quando paro ali no sinal fechado, fico fascinada, admirando suas proezas e muito tentada a quebrar uma de minhas regras de sobrevivência em cidade grande:  a de jamais dar dinheiro no semáforo a ninguém. Assim, redundante e convicta.
Porém,  a simpatia que tenho nutrido por ele nos exíguos momentos em que o assisto nas noites de sábado e domingo quando cruzo por ali, vem me deixando inclinada a romper meus princípios. Afinal, em menos de um minuto ele consegue me transportar para um mundo encantado, inspirador,  distante desta vida doida que levamos até mesmo nos fins de semana.
Hoje, vi que traz no braço esquerdo uma tatuagem do Che Guevara e passei a enxergar ali também um sonhador e entendi porque ele mexe com meu lado esquerdo. Da ideologia ao coração, ele venceu:  me arrebatou. Agora, vou esperar o sinal vermelho com muito gosto e oferecer a ele mais do que uns poucos reais, mas meu sorriso e cumprimentos de fã.  

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Dona Expectativa

    Por que esperar tanto de algo que se sabe que não tem como render? É como fazer bolo sem fermento, embatuma, não tem jeito. Mas a Dona Expectativa, não sabe o que é isso. Ela coloca todos os ingredientes na tigela misturados de forma desordenada e fica pretendendo um bolo de confeitaria. Sonha com aquele bolo glaçado, de vários andares, com recheio de branquinho e negrinho, que já está me dando água na boca...
 Como aquele passageiro inconveniente, que fica controlando o motorista do carro, dizendo freia aqui, liga o pisca, olha o sinal amarelo, a Dona Expectativa atropela os pensamentos, imaginando como será bom quando acontecer isso ou aquilo, antes sequer do isso começar  a rolar.
   Fique esperto e siga meu aconselho, fuja dela antes que desande a maionese. Acredite na Dona Esperança.  Esta pelo menos, é a última a nos abandonar!!!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Insônia e sabiás

Acordo às 5h da manhã, completamente sem sono, e, passados alguns minutos, percebo que não estou só. Os sabiás me fazem companhia. Lá de baixo, das lindas árvores da República eles comemoram a primavera. Motivos temos de sobra, eu e eles, para estarmos felizes e até agitados. Depois de um inverno chuvoso, cinza, os dias agora têm mais cores, mais beleza, mais emoção e, com certeza, mais amores. Não há como não se render a esta estação. As flores cobrem as calçadas, as janelas, as árvores. Porto Alegre veste-se de roxo, rosa e amarelo dos pés a cabeça.
Os sabiás, sensíveis a tudo isto, reagem. E desde muito cedo iniciam a sinfonia animada que toma conta de todos os bairros da cidade. Às 4h já é possível ouvi-los, empolgados, cantarolando um repertório tão manjado quanto o do rei Roberto Carlos, mas que emociona do mesmo jeito. 
É claro que para os insones torna-se difícil voltar a dormir. É fechar os olhos e a festa continua. Não basta para a passarinhada cantar de dia. No meio de toda a poluição sonora, como vão ser ouvidos? Durante a madrugada, destacam-se e fazem serenata. Pensando bem,  quem sofre de insônia, deveria sentir-se privilegiado. Não é sempre que se assiste a um espetáculo assim, de graça, ao vivo e sem sair da cama!! Melhor então eu ir dormir logo. Quem sabe dou sorte de perder o sono e festejar com meus companheiros sabiás a maravilhosa primavera gaúcha...

domingo, 4 de setembro de 2011

Vou de táxi-lotação?

        O porto-alegrense adora uma lotação. Está incorporada à paisagem e às tarefas do cotidiano.   Vale dizer, para quem não está familiarizado, que a lotação é o nosso micro-ônibus ou a nossa van (legalizada, cara e chique), bem diferente daquelas versões cariocas, paulistas e pernambucanas.
         É o táxi da classe média da capital gaúcha. Normalmente, seus trajetos são menos inteligentes do que os percorridos pelos ônibus, além de a viagem ser mais demorada porque não há um corredor específico para lotações. A vantagem, para o passageiro, é o fato de a lotação não ter ponto determinado, o que permite que os passageiros sejam deixados “na porta”. Seja o destino no meio da quadra, passando o semáforo recém aberto ou em fila dupla, o porto-alegrense desce tranquilamente, sem dar a mínima para a bagunça que o veículo causa a todo o trânsito que vem atrás.  
     Talvez por ser motorista, eu tenha tão pouca simpatia pela lotação. Já fui frequentadora em meus tempos de patricinha recém iniciante na UFRGS. E como este tipo de menina mimada não vinga em universidade pública, preferi encarar a realidade do Campus Ipiranga e continuo no ônibus, carro ou táxi até hoje.  Mas como todo preconceito precisa em algum momento ser quebrado, voltei a utilizar a lotação, pois só ela faz um de meus trajetos obrigatórios semanais.
       O retorno até nem foi ruim, mas serviu pra constatar que esta preferência dos moradores de Porto Alegre não faz parte das minhas, principalmente porque destoo do mundo dos passageiros deste meio de transporte. Não aproveito a mordomia de ser deixada “na porta” – jamais peço para o motorista parar onde possa perturbar o tráfego – e não uso laquê suficiente para ter o penteado impecável de algumas companheiras de viagem. Talvez me falte incorporar um pouco de atitudes burguesas no que se refere ao transporte. Nesse quesito sou socialista demais e prefiro o balanço dos ônibus e suas regras coletivas. 

sábado, 2 de julho de 2011

Congelando o pensamento

   A gente que escreve tem muitas ideias na cabeça, às vezes tantas que não consegue formulá-las e transformar num bom texto. Costumamos também ser exigentes com o resultado, e,  assim, muito assunto iniciado nunca se completa e nem mesmo vira texto. Vai direto pra lixeira.
    Quem gosta de escrever, normalmente tem o senso crítico aguçado para o que se passa a sua volta. Se for jornalista então, tem curiosidade, muita opinião e até palpites – uma avalanche de pensamentos sobre o poste de luz, o lixo nas esquinas, a saída de incêndio do seu local de trabalho (esta fundamental para nós na Siqueira Campos nº 1300), os resultados do campeonato brasileiro.
Com isso tudo martelando o seu cérebro o dia inteiro, principalmente quando não sobra tempo pra escrever sobre assuntos casuais, a confusão mental toma conta. Nestes momentos, que não são muito raros, o texto não sai. O meu talvez tenha ficado congelado nestes dias frios que tanto abomino. Não teve vinho que me salvasse e, por isso estou tentando voltar agora.
    O bom foi que voltei a tempo de ser solidária com o Renatinho. Ele teve a sorte de voltar pro Rio antes da próxima geada! Eu que não sou sua fã, fiquei foi com inveja! Por mais que não goste do Portaluppi, acho que ele está merecendo relaxar depois dessa puxada de tapete do Grêmio. Fugir do frio é sempre bom pra gaúchos cariocas como nós. Tenho certeza que em poucas horas naquele calorzinho, naquela paisagem, minhas ideias se coordenariam novamente. 

domingo, 12 de junho de 2011

Celebre o amor

     Passar o Dia dos Namorados sozinho é uma tarefa difícil. Fora o apelo da mídia e do comércio, há os preparativos dos amigos e colegas. Neste ano, até na minha academia fizeram aulas especiais para casais. Em meio a todo este clima de romance, só resta para quem está solteiro encarar o romance de outra forma e celebrar o amor.
      Parece estranho, mas garanto que mal comecei a beber o vinho chileno que comprei para brindar comigo mesma este sentimento tão forte que é o amor. Primeiro, o amor por mim mesma, pelo que sou, pelo que faço e pelo amor que distribuo todos os dias com sorrisos, carinhos e respeito ao outro. Todos nós, estejamos solteiros, separados ou viúvos no dia de hoje, temos um amor que merece ser lembrado, um amor do qual vale a pena ter saudade, um amor platônico, um amor eterno.
       Alguns têm a felicidade de conhecer o seu grande amor desde sempre e passar a vida toda ao lado dele. Outros, entres os quais me incluo, conhecem pessoas especiais, outras nem tão importantes assim e algumas que teria sido melhor não conhecer.  Para estes,  a vida reservou a oportunidade de acumular amores.
     Vai dizer que você não tem guardadinho aí no peito esquerdo a lembrança daquela pessoa que ama muito, mas cujas circunstâncias acabaram afastando-os. Se for este o caso, aproveite o dia dos namorados e comemore o fato de ter vivido este ou estes amores, não importa quanto tempo tenha se passado. Amor deve ser celebrado sempre, nem que seja fazendo um brinde solitário aos momentos compartilhados no passado e que serão eternos para quem teve a sorte de desfrutá-los intensamente.  

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Salto alto

Salto alto. Peça obrigatória no guarda-roupa feminino. O salto levanta o astral, melhora a postura, valoriza as pernas e arrebita o bumbum.  Até o olhar da mulher muda do alto de um salto. Porém, existem alguns lugares que não combinam com salto alto, não tem jeito. Apesar de muitas tentativas inovadoras da moda, na praia, na piscina e nos esportes o salto não cai bem. Em campo de futebol, então,  o salto alto costuma causar tropeços. Não só para a mulherada que vai ao estádio, mas principalmente para os times que entram em campo usando um salto invisível nas chuteiras de seus jogadores.
                Jogar uma final ou um jogo mata-mata calçando um saltinho que seja pode ser um desastre. O Inter usou salto após o primeiro gol do jogo contra o Peñarol no Beira-Rio e deu no que deu. Quando o salto começou a entortar, não tinha mais como voltar ao prumo. Sim, salto alto exige mais que equilíbrio, é preciso ter categoria para usá-lo.
Categoria, isso foi o que faltou ao Grêmio. Passou a semana subindo no salto, no domingo já calçava um salto 15 quando entrou em campo. E pior, além dos jogadores, a torcida toda subiu no salto, sem falar no treinador que tem na soberba uma das principais características de sua personalidade. Vestir o salto pra ele, foi apenas um pequeno detalhe a mais na sua arrogância.

Do lado do Inter, depois de terem quebrado o salto na Libertadores e de sofrerem duras críticas, Falcão e os jogadores foram em busca da superação. Entraram no Olímpico como guerreiros e, por mais que do outro lado do campo estivessem jogadores aguerridos empurrados por sua torcida, os colorados continuaram lutando até o fim, até que todos tricolores descessem do salto num tombo que não se via há muitos anos por lá.
Falcão um dos homens mais elegantes e humildes do futebol brasileiro, foi o grande responsável por tudo isso. Foi ele quem disse aos jogadores que era possível ganhar com vantagem no Olímpico e, por que não, ser campeão na casa do adversário. Falcão entende de salto alto. Morou na Itália, terra de moda e beleza feminina, mas o que vale mesmo é o seu pé no chão. Coisa que Renato Gaúcho nunca teve. E se usa luva com temperatura de 18º C, o pé frio está coberto com meia de lã, num sapato de salto 20.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Dani Sobral: O que ainda resta cercar?

Dani Sobral: O que ainda resta cercar?: "O cercamento dos parques volta mais uma vez a ser assunto em Porto Alegre. Uma discussão que expõe as fragilidades características dos grand..."

O que ainda resta cercar?

O cercamento dos parques volta mais uma vez a ser assunto em Porto Alegre. Uma discussão que expõe as fragilidades características dos grandes centros urbanos e suscita as mais diversas opiniões, mas que, inevitavelmente, faz pensar sobre o que realmente precisa ser valorizado na sociedade moderna.
Parque da Redenção. Talvez não exista nome mais apropriado para um parque em um grande centro urbano. Ou que outro nome, por si só, traria à mente resgate, libertação?   E, esta é a principal função de um parque em meio à selva de pedra. Trazer de volta um pouco de vida, de cor aos dias de seus cidadãos e cidadãs. Aquele conjunto de verde misturado à paisagem de grandes avenidas, com seus, carros, ônibus, poluição, prédios cinzentos é capaz de resgatar a vitalidade e o entusiasmo. Como imaginar todo este alento cercado, como que afastando da população de Porto Alegre o pouco que ainda resta de vida? 
Seja na Redenção, no Parcão ou no Marinha, parque público é sinônimo de espaço democrático, compartilhado por todas as pessoas, independente de sua classe social, raça, idade. Afinal, público é, originalmente, um local comum a todos, um lugar do povo.
Cercar um parque é provocar um isolamento, uma separação, apartá-lo justamente de quem mais necessita desse espaço: os cidadãos e cidadãs que ali se refugiam nas suas horas vagas, que saem de suas residências totalmente cercadas para encontrar liberdade, respirar mais fundo e manter vivo o seu direito de ir e vir.
Em meio a tantas grades, a tanto isolamento a que as pessoas estão submetidas nas grandes cidades, será que se faz necessária mais uma forma de exclusão, justamente nos locais que fornecem um pouco de fôlego, de ânimo e que permitem libertação das amarras impostas pelo mundo de hoje?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Meu ídolo-treinador

Sempre fui fã do Falcão. Não apenas por ser colorada, mas porque ele fez parte de momentos marcantes da minha infância, inclusive da primeira seleção brasileira pela qual torci. Falcão, Zico, Júnior, Sócrates. Colecionávamos álbuns de figurinhas deles, recortávamos fotos nos jornais e revistas, meninos e meninas, talvez estimulados pelos seus pais campeões da década de 70. Essa influência da seleção brasileira me fez, graças ao Falcão, ficar ainda mais apaixonada pelo Inter (time do meu pai, do meu avô e de meus tios) e criar uma simpatia, que carrego até hoje, pelo Flamengo.
E é como colorada apaixonada que estou muito feliz em ver Falcão técnico do Inter, principalmente substituindo o arrogante Celso Roth. No entanto, por adorar tanto o Falcão é que fico bastante temerosa mais por ele do que pelo próprio Inter e pelo meu coração de torcedora. A fase que o clube atravessa não é das melhores e nós, torcedores, queremos demais que a harmonia volte entre os jogadores, no relacionamento treinador-jogador-diretoria e, consequentemente, nas jogadas dentro de campo. Assim, creditamos toda nossa esperança na categoria, seriedade e inteligência de nosso ídolo-treinador. O que me preocupa é que futebol não se resume à competência do técnico, há fatores e fatores envolvidos, entre eles os mais complicados de administrar, como dinheiro, política e egos.
É claro que sei dos inúmeros pontos a favor de Falcão dentro e fora de campo. É um gentleman, é comentarista da Globo (afinal, tem que ter muita classe para exercer esta função ao lado do Galvão Bueno), é casado com uma gaúcha linda e inteligente, foi um grande craque no Inter e no Roma. Só esses quesitos já tornam sua tarefa à beira dos gramados mais do que diferenciada e é por isso que a torcida do Inter aprovou tanto a sua contratação. Sem falar no que eu li e ouvi daquele lado tricolor da cidade, a começar pelo tal Portaluppi. Isso só credencia ainda mais Falcão, que já fez tremer as bases dos adversários antes mesmo do primeiro jogo. Dá-lhe, dá-lhe, Falcão!!!


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rinite e Chanel

    Cheiros. Tem coisa melhor do que sentir 1 aroma gostoso no ar? Pode ser um cheirinho de feijão, de churrasco ou de chocolate. Ou daquele perfume que você usou naquela viagem inesquecível, ou com o seu grande amor, que fazem despertar lembranças e nos transportar para aquele momento em segundos. É uma magia e tanta que o olfato nos proporciona. É por isso que qualquer alteração neste sentido faz uma falta tremenda. Eu, que sofro de rinite desde sempre, intercalo períodos em que não sinto cheiro de nada com aqueles em que não posso sentir certos odores. Claro, que, às vezes, principalmente no verão, consigo ter o olfato em perfeito funcionamento. Ainda bem que dificilmente fico sem sentir aquele cheirinho de maresia, que tão bem faz a todos os meus outros sentidos.
    Infelizmente neste momento em que escrevo, passo pela pior fase: a de não suportar nem mesmo o meu perfume. Hoje, se alguém aparecer perto de mim usando um sofisticado Chanel nº 5 torço o nariz, não de inveja, mas pra não dar um super espirro!!
   Aliás,  outro dia eu estava indo pra Salvador em um voo direto, ou seja, quase 3 horas de viagem e uma passageira no assento em frente ao meu estava usando o tal nº 5. Os fãs de Coco Chanel que me perdoem, mas meu narizinho não foi feito para suportar tamanha extravagância, uma explosão de fragrâncias. Célia Ribeiro com certeza diria que, só mesmo alguém que não se flagra, pra ter a incrível ideia de usar um perfume tão marcante em um meio de transporte coletivo (coletivo, o nome já diz tudo, respeito ao próximo!!)
   Talvez algumas felizes pessoinhas, abençoadas por terem narizes que inspiram e expiram com facilidade, não gostem destes meus comentários. Mas como eu sou do Sul, de uma terra em que a grande maioria da população sofre de problemas respiratórios como eu, não temo. Acredito que eu vá é despertar solidariedade e, porque não dizer, até desencadear uma campanha como a antifumo – abaixo o Chanel nº 5!!!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Férias e mais férias

O Blog esteve em férias prolongadas. Por um período além do aceitável, sei bem. Mas entenda caro leitor, estivemos na Bahia e a preguiça bateu com tudo. Quer dizer, talvez não tenha sido preguiça, mas uma necessidade de aproveitar o que a natureza tem de melhor, incluindo sol, mar com águas calmas, cristalinas e mornas, rodeados por arrecifes e coqueiros, numa praia preservada e quase deserta.
Então, brincadeiras sobre a preguiça a parte, (desde já esclareço que sou uma apaixonada pelo local e pelo seu povo trabalhador e alegre) toda a vez que venho ao nordeste só quero saber de praia, de banhos de mar intermináveis e de degustar sucos de graviola, cajá, acerola, aquele queijinho coalho e uma deliciosa tapioca. É claro que com todo este deleite muitas e muitas ideias permeavam meus pensamentos e com certeza renderiam altos textos. No entanto, não seria justo nem comigo nem com a Bahia interromper esta curtição para ficar em frente ao computador. Afinal, durante  o ano todo, passo, em média, 11 horas em frente a esta tela, talvez até pra espantar a saudade imensa que sinto do mar, do verão, do nordeste e do Rio de Janeiro.
Ihh, falando no Rio, lembrei que ainda não terminei de arrumar as malas. Férias de novo, você deve estar pensando, mas não é não, é apenas o feriado de carnaval estendido. Como não se trata de um carnaval qualquer e sim da maior e melhor festa do mundo, o Carnaval da Sapucaí, tenho certeza de que os meus fiéis leitores vão compreender mais uma vez a minha ausência. Além disso, tenho muitos meses de frio e computador pela frente, prometo trazer textos deliciosos para suprir sua fome e evitar aqueles chocolates quentes, foundes, massas e pizzas tão inconvenientes. Bem antes desses desejos surgirem, antes mesmo do outono chegar, estarei de volta por aqui. Por favor, dá licença, a Cidade Maravilhosa me aguarda, o motivo é mais do que nobre, é sagrado. Portanto, como já dizia a marchinha: “não me leve a mal, hoje é Carnaval”!!!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma praia perdida nas lembranças

Neste fim de semana encontrei uma amiga de praia, daquelas da melhor fase da adolescência. Passaram-se 20 anos, mas esse reencontro me fez voltar  a um tempo diferente: em que nós sonhávamos muito, tínhamos nossos namoricos de verão, babávamos pelos surfistas bonitões e veraneávamos em outra praia. O local era o mesmo, o nome já era Imbé, porém, de lá pra cá, tudo mudou. O Imbé da galera do surfe, da Barraca do Beto, das bicicletas, das motos garelli, da SAPI, do Titanic – um bar de madeira, no meio do nada, com piso de areia, onde o som do Bob Marley e do Australian Crawl embalava as noites.
Sentimos uma saudade infinita deste Imbé que só existe em fotos e em nossa memória... Nós também mudamos, porém, os sofrimentos que enfrentamos bravamente, nos deixaram algumas marcas no rosto, alguns quilinhos a mais, mas nos tornaram mulheres independentes, decididas, inteligentes e... melhores.  
Já com a nossa praia amada, o tempo não foi nada generoso. O passar dos anos fez Imbé transbordar, já não cabem nela todas as pessoas que por aqui circulam.  A praia está suja, barulhenta e sem identidade. O Titanic foi o primeiro a afundar. Em seguida, foram desaparecendo o silêncio das noites, a segurança, o espaço na beira da praia, os amigos e conhecidos de verão. Em frente ao antigo terreno de nosso “bar-navio”, há uma balada confirmada, em que se revezam noites de vanerão e maxixe!!!
Os surfistas agora são poucos e os momentos de paz e tranquilidade, raros. Às vezes, paro ali no calçadão, olhando o mar, e me transporto para os anos 80 e 90, imaginando que os meus surfistas mais venerados, o Leo e o Telmo, vão passar a qualquer momento e vamos combinar de nos ver lá no Titanic. O som de um funk, em um carro transformado em alto-falante sobre rodas, me desperta e me faz ter certeza de que o meu Imbé acabou. Restam as casas, incluindo a dos meus pais, o mar e o nordestão de sempre, contudo,  a atmosfera... essa nunca mais será a mesma.  E  eu e minhas amigas, agora acostumadas com as mudanças da vida, não conseguimos nos conformar com uma perda dessa proporção – pequena pra quem está chegando agora, mas irreparável para quem cresceu e se criou correndo nas areias e nas dunas de Imbé.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Mulheres de Vestido

Vestido. Uma peça que não pode faltar no guarda-roupa de nenhuma mulher. Algumas gaúchas ainda resistem, talvez porque ele seja mais adequado ao calor, que chega por esses pagos apenas por poucos meses. Já outras mulheres do sul, mal podem esperar pelo verão para aproveitar, abrir o guarda-roupa e selecionar os vestidos para desfilar pelas ruas. Desfilar sim, porque nesta época, as ruas ganham cores, elegância, muita sensualidade e infinitos suspiros.
Descobri faz pouco que esta é a peça mais sensual que uma mulher pode vestir. Quem ainda não experimentou, não sabe o que está perdendo. Usar vestido levanta a auto-estima de qualquer uma. Os homens têm um encantamento especial por ele. Ainda não me certifiquei do que os deixa assim tão enfeitiçados pelo vestido. Tenho minhas desconfianças: a feminilidade acentua-se e a mulherada, cada vez mais independente e segura, parece encarnar uma personagem mais delicada, angelical até. Mas nada de certezas, até porque nem os homens sabem dizer o que os deixa assim. Na frente de um vestido, viram meros garotinhos.
Vestidos estampados, coloridos, rodados, justos. Todos despertam olhares e elogios onde quer que se cruze. No verão, nada de pretinhos básicos. Não há mulher que passe um dia incólume usando um vestido de verão. Agora, se o vestido for vermelho... Prepare-se para parar o trânsito, causar torcicolos, olhares embasbacados e elogios rasgados. Até os gremistas mais fanáticos rendem-se a essa cor quente, nem que seja pra ganhar uns pontinhos com as damas de vermelho.