terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma praia perdida nas lembranças

Neste fim de semana encontrei uma amiga de praia, daquelas da melhor fase da adolescência. Passaram-se 20 anos, mas esse reencontro me fez voltar  a um tempo diferente: em que nós sonhávamos muito, tínhamos nossos namoricos de verão, babávamos pelos surfistas bonitões e veraneávamos em outra praia. O local era o mesmo, o nome já era Imbé, porém, de lá pra cá, tudo mudou. O Imbé da galera do surfe, da Barraca do Beto, das bicicletas, das motos garelli, da SAPI, do Titanic – um bar de madeira, no meio do nada, com piso de areia, onde o som do Bob Marley e do Australian Crawl embalava as noites.
Sentimos uma saudade infinita deste Imbé que só existe em fotos e em nossa memória... Nós também mudamos, porém, os sofrimentos que enfrentamos bravamente, nos deixaram algumas marcas no rosto, alguns quilinhos a mais, mas nos tornaram mulheres independentes, decididas, inteligentes e... melhores.  
Já com a nossa praia amada, o tempo não foi nada generoso. O passar dos anos fez Imbé transbordar, já não cabem nela todas as pessoas que por aqui circulam.  A praia está suja, barulhenta e sem identidade. O Titanic foi o primeiro a afundar. Em seguida, foram desaparecendo o silêncio das noites, a segurança, o espaço na beira da praia, os amigos e conhecidos de verão. Em frente ao antigo terreno de nosso “bar-navio”, há uma balada confirmada, em que se revezam noites de vanerão e maxixe!!!
Os surfistas agora são poucos e os momentos de paz e tranquilidade, raros. Às vezes, paro ali no calçadão, olhando o mar, e me transporto para os anos 80 e 90, imaginando que os meus surfistas mais venerados, o Leo e o Telmo, vão passar a qualquer momento e vamos combinar de nos ver lá no Titanic. O som de um funk, em um carro transformado em alto-falante sobre rodas, me desperta e me faz ter certeza de que o meu Imbé acabou. Restam as casas, incluindo a dos meus pais, o mar e o nordestão de sempre, contudo,  a atmosfera... essa nunca mais será a mesma.  E  eu e minhas amigas, agora acostumadas com as mudanças da vida, não conseguimos nos conformar com uma perda dessa proporção – pequena pra quem está chegando agora, mas irreparável para quem cresceu e se criou correndo nas areias e nas dunas de Imbé.

5 comentários:

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  2. Nossa, prima, dessa vez vc me fez chorar de saudades e tristeza tbm...é uma lástima o que houve com Imbé...Isso que eu ñ peguei a época do Titanic, mas lembros do Danilo e do Alexandre indo pra lá com o Beto e o Arthur...e eu pequena, imagi...nando como seria o dia em que eu poderia ir na SAPI...
    Tenho muitas lembranças lindas do Imbé, inesquecíveis mesmo, meu primeiro beijo, meu primeiro amor - o Gil, meus passeios de bicicleta com a mãe por toda a praia...Aulas de ginastica na beira da praia com a mãe e acho q a Maia estava lá tbm, um suco de melancia que os professores da ginastica na praia fizeram na hora numa das barraquinhas para mim,...a casa de neve que passei o verão com vcs e a gente sobia um degrau da escada por dia, a Denise lembra bem disso. Muitos surfistas, muitos mergulhos, muitos beijos, muito choro e decepções, muitos amores...bah, lembra quando ainda haviam dunas altissimas que subiamos como se fossem montanhas para ver o mar? Bah...melhor parar por aqui, se ñ daqui a pouco a mãe vai acordar e perguntar pq é q estou a essa hora na sala, soluçando e me lavando de chorar aqui...
    Saudade demais e a infeliz certeza de que esses tempos ñ voltam nunca mais, ñ apenas pelo fato de que crescemos e mudamos, mas sim por a praia ter se tornado o que se tornou...um Crime.

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  3. fabricio(32)belo comentário , otimo clima escutando australian com os amigos e amigas do surf . comseguiu resumir um poco do clima do verão !

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  4. NOSSA....ME REPORTEI A UNS 25 ANOS ATRAZ, E TEU TEXTO É IMPECÁVEL, ME EMOCIONEI, POIS VIVI BONS E ROMANTICOS MOMENTOS EM IMBÉ...
    REALMENTE HOJE, COM A BAGUNÇA E BARULHO ESTA MUITO DIFERENTE, MAS CONVENHAMOS...IMBÉ AINDA TEM SEU CHARME !

    ABRAÇO DANIELA !!!

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