domingo, 4 de setembro de 2011

Vou de táxi-lotação?

        O porto-alegrense adora uma lotação. Está incorporada à paisagem e às tarefas do cotidiano.   Vale dizer, para quem não está familiarizado, que a lotação é o nosso micro-ônibus ou a nossa van (legalizada, cara e chique), bem diferente daquelas versões cariocas, paulistas e pernambucanas.
         É o táxi da classe média da capital gaúcha. Normalmente, seus trajetos são menos inteligentes do que os percorridos pelos ônibus, além de a viagem ser mais demorada porque não há um corredor específico para lotações. A vantagem, para o passageiro, é o fato de a lotação não ter ponto determinado, o que permite que os passageiros sejam deixados “na porta”. Seja o destino no meio da quadra, passando o semáforo recém aberto ou em fila dupla, o porto-alegrense desce tranquilamente, sem dar a mínima para a bagunça que o veículo causa a todo o trânsito que vem atrás.  
     Talvez por ser motorista, eu tenha tão pouca simpatia pela lotação. Já fui frequentadora em meus tempos de patricinha recém iniciante na UFRGS. E como este tipo de menina mimada não vinga em universidade pública, preferi encarar a realidade do Campus Ipiranga e continuo no ônibus, carro ou táxi até hoje.  Mas como todo preconceito precisa em algum momento ser quebrado, voltei a utilizar a lotação, pois só ela faz um de meus trajetos obrigatórios semanais.
       O retorno até nem foi ruim, mas serviu pra constatar que esta preferência dos moradores de Porto Alegre não faz parte das minhas, principalmente porque destoo do mundo dos passageiros deste meio de transporte. Não aproveito a mordomia de ser deixada “na porta” – jamais peço para o motorista parar onde possa perturbar o tráfego – e não uso laquê suficiente para ter o penteado impecável de algumas companheiras de viagem. Talvez me falte incorporar um pouco de atitudes burguesas no que se refere ao transporte. Nesse quesito sou socialista demais e prefiro o balanço dos ônibus e suas regras coletivas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário